todo santo dia
repenso em como
jogar a toalha
seguir rumo a sei lá onde
afinal
já não estamos sem rumo
como país?
como sociedade?
uma pandemia
sempre com nova temporada
todo santo dia
bate aquela
vontade de chorar
e
de exorcizar a pilha
de sapos engulidos
de sonhos não realizados
de tanta gente ferrada
pequena inveja alheia
dos sabáticos sem preocupação
das startups sem faturamento
dos projetos sem gestão
que se ancoram em retaguarda material
e tem seus boletos
resolvidos num passe de mágica
a vida cobra seu preço
à vista e à prazo
pode chorar no crediário
e esperar pelo cheque especial
da sua consciência
escolhas não feitas
ficaram na estrada
ainda há saídas
revolucionárias
reformistas
conformistas
democráticas
ou golpistas
buscar um grande acordo nacional
consigo próprio
e matar saudade
dos tempos de paletas mexicanas
embrulha um país pra viagem?
país está em falta
serve uma consciência?
favor dirigir-se
ao próximo guichê
