“foi-se o tempo em que a vida dava
tudo de bom e nada cobrava”
já passado dos quarenta
a vida de pós juventude
dá suas cartas
sem meias verdades
sem falsas expectativas
e
colocando abaixo
tantas certezas
para o mercado de trabalho
um flerte perigoso com o descarte
esse mesmo mercado
que busca senior
pagando como júnior
em contratos PJ
para a vida saudável
um sinal da vida finita
o livro da vida se abre
com menos páginas em branco
as tantas horas de vôo
soam como experiência
e teimosia
soam como jogo de cintura
e impaciência
em cheque o apego
a crenças
ritos
e
valores do século passado
de tempos
analógicos
certezas caem por terra
algumas boas
outras nem tanto
lembranças invadem a mente
outras se perdem
num HD mental
já nem tão fiável assim
o cansaço recai
e
mais horas de sono
são precisas
há tanto por fazer
tanto por viver
tanto por aprender
e
desaprender
afinal
talvez seja apenas momento de
“tomar uma cerveja no bar”
e
“puxar uma cadeira pra vida”
trechos em aspas da
Banda Ventre
(música: carnaval)