No afã de se falar só dos pontos positivos, algumas questões que compõem a realidade do setor são suavizadas ou até mesmo omitidas.

Há tempos, me intriga sobre o que não falamos na fantástica fábrica do impacto. Os não assuntos. Alguns deles eu já refleti aqui, em artigos anteriores, e também lá no meu blog e podcast.

Essa linha editorial – mais crítica e menos óbvia – me traz efeitos colaterais nada edificantes. Afinal, a fantástica fábrica do impacto tem uma evidente preferência por narrativas positivas (ou cor de rosa) e nelas, infelizmente, muitas vezes a honestidade intelectual tem ficado em segundo plano. Como assim Fábio?

Me explico melhor. No afã de se falar só dos pontos positivos, algumas questões que compõem a realidade do setor são suavizadas ou até mesmo omitidas.

Se tudo são flores no campo do impacto, por que tanta gente segue adoecendo por aqui? Se todos colaboram entre si, por que tanta postura predatória na disputa por recursos?

Pois bem. Venho observando e vivenciando diversas contradições e dilemas que o setor atravessa. E além de refletir sobre eles, fui organizando-os e o resultado é meu mais recente livro – O que não te contaram sobre Impacto Social. Afinal, o que não nos contam sobre impacto social?

Muitas coisas. No livro eu apresento 11 questões. Abaixo, um breve resumo delas, sem spoilers, claro:

1.    Há muitas formas de mudar o mundo

– Afinal, é só com CNPJ que vale? É só um certo tipo de CNPJ que vale?

2.    Afinal, vamos mesmo mudar o mundo?

– Mesmo com toda nossa correria, estamos mesmo mexendo ponteiros no mundo? Ou o mundo está mudando apesar do nosso corre?

3.    Recursos humanos ou pessoas?

– Se as pessoas seguem tão necessárias, por que tantas lideranças tóxicas? Como a precarização laboral entra nessa equação?

4.    Mais forma do que conteúdo

– Para além do impacto que almejamos gerar, é preciso mesmo sermos um produto nas redes sociais? Há vida possível fora desse roteiro?

5.    Fetiche por porcas e parafusos

– Se as ferramentas (e suas porcas e parafusos) são meros meios para nos conduzir em direção ao impacto, por que destinamos cada vez mais tempo para elas?

6.    Gestão com indigestão

– A boa e velha gestão segue sendo fundamental no campo do impacto, mas porque tão pouco estímulo a ela? Comprar o MBA da moda é o único caminho?

7.    Me dá um dinheiro aí

– O bom e velho dinheiro segue sendo tão crucial no setor, mas apesar dos fundos e mundos que supostamente estão sendo despejados pró-impacto, por que está tão difícil captar recursos?

8.    Mensurar pero no mucho

– Tá bom, é preciso mensurar o impacto que dizemos que estamos gerando, mas quem paga essa conta?

9.    Uma monocultura de porta vozes

– Se todos que atuam no setor falam as mesmas coisas, citam os mesmos casos de sucesso e circulam nos mesmos eventos, como vamos ampliar nosso alcance e nossa profundidade?

10. não basta apenas boa vontade

– Afinal, em tempos líquidos onde anda a tão necessária (e sumida) utopia (ou propósito)? Ainda precisamos de uma ou o que importa mesmo é encontrar um bom modelo de negócio?

11. saúde mental

– A pandemia se foi, mas nossa saúde mental segue nas cordas. Se só há good vibes no setor, por que as pessoas seguem adoecendo?

Se alguma destas questões também te intrigou, então te convido a comprar o livro (à venda aqui: https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/o-que-nao-te-contaram-sobre-impacto-social/) e, assim, fortalecer esse trabalho independente.

 

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Artigo publicado originalmente no Impacta Nordeste

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