Paulo era PJ numa organização de impacto
Estava feliz com o trabalho
mas andava meio cabreiro de que
um pé na bunda estaria por vir

Roberta buscava recolocação
após algumas passagens por uns negócios sociais
Havia saído desapontada
muito negócio e pouco impacto

Júlio era fundador de uma incubadora
mas, de uns tempos pra cá estava perdendo contratos
para novos players do setor
que tinham mais ‘mérito’ do que ele

Laura chutou o pau da barraca por
divergências ideológicas na ONG
e segue em busca de novas oportunidades
mas parece que o mar não está pra peixe

Vínculos precários
vagas operacionais e
vida por projetos pontuais

A precarização dos vínculos laborais é uma realidade
Pra alguns comemorada
sob o manto do empreendedorismo

Para outros
adeus férias
fundo de garantia
e qualidade de vida

Por princípio e coerência
muitas organizações de impacto
travam batalhas diárias pra manter o time como CLT
Tarefa nada fácil, diga-se de passagem

Olhando para além da cortina de fumaça que há
vê-se furos e inquietações no setor

Tenho escrito sobre algumas delas aqui
e ainda que estes textos possam
render alguma repercussão
persiste a sensação de pregar no deserto

Enquanto big players desembarcam no setor
e são recebidos com pompa e circunstância

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