você já deve ter notado
caro(a) leitor(a)
que procuro abordagens
menos óbvias
no conteúdo que produzo aqui

mas a pergunta que fica:

porque desta escolha?

venho de origem simples
(hoje chamada de classe C)
de pais que não cursaram o ensino superior

me formei em universidade pública
muito antes de programas sociais de acesso
e
desde minha entrada por lá
me conectei em temas sociais e ambientais
em Paulo Freire
em política

sempre escutei
que deveria evitar esses assuntos
que deveria me ater aos aspectos técnicos
da minha formação

mas muito antes de me formar
eu me perguntava:

como ficar neutro
num campo (agronomia)
onde conflitos agrários
concentração fundiária
e
monocultura como exemplo
a ser seguido de produção e consumo
eram tachados como
destinos dados?

como seguir técnico
num contexto
de visão obtusa sobre
a realidade social, cultural e econômica
do campo num país complexo como o nosso?

muito antes do agro ser tachado de pop
esse papo furado já nos empurrava
a nos tornarmos vendedor
de agrotóxico e adubo

com carro da firma
e carteira assinada

que lindo

na época esse era o mote
e, pra minha tristeza
segue sendo

talvez sem carteira assinada
e sem o carro da firma
nos tempos precarizados atuais

por essas e outras
fiz uma opção política

um pacto comigo mesmo
de seguir perseguindo
outros caminhos
outras abordagens
que nos levem
à tão sonhada sustentabilidade
(impacto, transformação social, etc)

o que era uma utopia
vejo sendo transformado
em mais um produto
da nossa era VUCA

enquanto isso
o agro
a sustentabilidade
e nós
profissionais desta jornada
seguimos tentando encontrar
algum rumo

sob o novo nome de propósito

não à toa pergutam sempre
‘vai uma teoria de mudança aí?’

hoje não

#impactonaencruzilhada

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